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Channel: GIJC – Conferência Global de Jornalismo Investigativo 2013
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Joaquim Barbosa critica a falta de preparo dos jornalistas na cobertura do STF

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Joaquim
Rosental Alves e Joaquim Barbosa (Foto: Olívia Freitas)

O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, criticou, nesta segunda-feira (14), a atuação jornalística na cobertura do STF. Segundo ele, a imprensa é monotemática e despreparada para cobrir a pauta.

Barbosa participou da Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que acontece na PUC-Rio até terça (15). A mesa “Brasil – avanços e retrocessos instituições” também contou com a presença do professor da Universidade do Texas Rosental Alves e do colunista da Folha de S.Paulo Fernando Rodrigues.

“Sinto falta de uma cobertura com especialização e profissionalismo. Não vejo repórteres com astúcia de descobrir um grande fato jornalístico nas entrelinhas”, opinou. Para ele as pautas são obsessivas pelo Mensalão.

Censura prévia

O ministro se apresentou contra o recolhimento de biografias não autorizadas. Mas considera que indenizações mais pesadas devem ser aplicadas aqueles que violam os direitos. O tema entrou em pauta após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo  que mostra que os músicos Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos se uniram a Roberto Carlos para evitarem que biografias aos seus respeitos sejam publicadas sem autorização.

“Não há censura prévia no Brasil. Da mesma forma que a constituição protege a liberdade de expressão, protege outros direitos, a intimidade, a privacidade, a honra e a reputação de todos em pé de igualdade”, explicou. “Alguém pode alegar que seu direito está sendo violado”, completou. Barbosa acredita que há um conflito constitucional e que fica a cargo do juiz a decisão para algum dos lados.

Para o ministro do STF, a liberdade de expressão deveria ser assegurada em todos os casos. “O ideal seria liberdade total de publicação, mas cada um assume os riscos de responder financeiramente por isso”, opinou.  Ele aponta como solução a liberação para uso de domínio público após 10 anos da morte do biografado.

O jornalismo brasileiro

Barbosa voltou a falar sobre a situação dos negros nas redações. Segundo ele, há pouquíssimos negros em cargos de lideranças em empresas jornalísticas. “É preciso de um plano nas redações jornalísticas por parte de quem tem o poder decisório, os proprietários, os diretores de redação, as pessoas que tem o poder de recrutar. Os recrutadores não resolverão, porque a descriminação racial é algo instintivo”, considerou.

O ministro também criticou o jornalismo online. Para ele, a plataforma tem levado uma baixa qualidade de informação à população. Também falou da falta de pluralidade na imprensa escrita. “É necessário aumentar a diversidade política e ideológica no âmbito da imprensa escrita que possa abarcar as mais diversas formas de pensamento sem silenciar ou marginalizar essa ou aquela posição indesejável”, opinou.

O grande desafio atual do jornalismo é aprofundar a ética na conduta profissional e a pluralidade diante dos desafios atuais, é o que acredita Barbosa. “A imprensa tem dito um papel importantíssimo no aprimoramento das instituições e na conscientização brasileira”, disse.

“O jornal investigativo brasileiro presta um enorme serviço ao público, ocupa o espaço deixado pela falta de institucionalidade de algumas de nossas instituições”, acredita Barbosa. Porém, para ele, o jornalista informa, mas não presta o serviço social cobrando resultados e dando continuidade à pauta. Criando dessa maneira uma falsa expectativa na população que as autoridades estão dando continuidade ao assunto.

Questionado se a responsabilidade maior não seria das instituições apurarem e penalizarem após as denúncias jornalísticas, disse que não há dúvidas. “Porém, em um país como o nosso, os problemas da falta de funcionalidade do sistema político e as múltiplas interferências levam à acomodação”, respondeu.

Sobre entrar na carreira política e ser candidato à presidência, o ministro do STF voltou a negar. Disse que pensará se seguirá carreira ou não quando deixar o cargo, porém, apesar de não revelar a data, não demorará muito.

Texto: Olívia Freitas (4° ano / São Judas Tadeu)

Serviço:

Brasil – Avanços e Retrocessos Institucionais

Com Joaquim Barbosa (Supremo Tribunal Federal), Moderadores: – Fernando Rodrigues (Folha de S.Paulo/UOL / Jovem Pan/ ESPN/ Abraji), Rosental Alves (Universidade do Texas)

Segunda, 14 de outubro de 2013 – 11:00


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